Diagnóstico molecular de FeLV: a importância da quantificação por qPCR Simbios Biotecnologia

Diagnóstico molecular de FeLV: a importância da quantificação por qPCR

O vírus da leucemia felina (FeLV) é uma ameaça persistente à saúde dos felinos. Com diversas manifestações e desfechos de infecção, desde a eliminação viral até a doença progressiva, o diagnóstico e monitoramento precisos são imprescindíveis. Em geral, as formas de doença podem ser classificadas em:  


  • Infecção abortiva  O sistema imunológico elimina o vírus antes que ele se integre ao DNA proviral nos linfócitos em divisão.
  • Infecção regressiva – O gato controla a disseminação viral e a viremia secundária, reduzindo o risco de doenças associadas ao FeLV.
  • Infecção progressiva – O vírus afeta a medula óssea, causando viremia secundária e aumentando o risco de leucemia.


A quantificação por qPCR permite acompanhar e manejar as infecções por FeLV, representando vantagens significativas sobre métodos tradicionais, como ELISA e Snap Tests, como a maior sensibilidade e a possibilidade de correlacionar a carga viral com o estágio da doença. 

Na prática clínica, a quantificação por qPCR auxilia na diferenciação entre infecções progressivas (viremia persistente, alta carga viral, geralmente antígeno-positivas) e regressivas (DNA proviral presente, frequentemente antígeno-negativas, baixa carga viral), de acordo com as recomendações da American Association of Feline Practitioners (AAFP, 2020):


Estágio da infecção

Resultado imunoensaio

Resultado qPCR

Não infectado (ou forma abortiva)

Negativo

Negativo

Forma Regressiva

Positivo

Negativo

Negativo

Positivo com carga BAIXA*

Positivo

Positivo com carga BAIXA*

Forma Progressiva

Positivo

Positivo com carga ALTA*


*Beall et al. (2019) sugerem que 1,0 x 106 cópias/mL do DNA proviral seja um ponto de corte para distinguir cargas virais altas e baixas. Recomenda-se avaliar este número em conjunto com o histórico clínico e laboratorial para prognóstico adequado do felino.


Gatos com infecção regressiva podem não eliminar completamente o vírus, mantendo-o em estado de latência. Sob condições de estresse, a reativação viral pode ocorrer, levando a um aumento progressivo da carga viral. Sua elevação em um animal previamente classificado como portador de infecção regressiva pode indicar a transição para um estado de viremia ativa, em forma progressiva, associada a um prognóstico clínico desfavorável.

O método recomendado é a qPCR para quantificação do DNA proviral integrado, que fornece um dado histórico robusto e amplo da infecção.  Em uma próxima publicação, abordaremos as diferenças e implicações clínicas de métodos de detecção baseados no RNA (virion) e DNA (provírus integrado).

Em síntese, a quantificação do FeLV por qPCR é uma ferramenta essencial no diagnóstico e monitoramento de felinos infectados. Sua capacidade de distinguir os estágios da doença, acompanhar a progressão e fornecer dados prognósticos aprimoram o manejo clínico, permitindo a otimização do cuidado veterinário. 

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Referências

Little, S., Levy, J., Hartmann, K., Hofmann-Lehmann, R., Hosie, M., Olah, G., & Denis, K. S. (2020). 2020 AAFP feline retrovirus testing and management guidelines. Journal of feline medicine and surgery, 22(1), 5-30.

Beall, M. J., Buch, J., Cahill, R. J., Clark, G., Hanscom, J., Estrada, M., ... & Chandrashekar, R. (2019). Evaluation of a quantitative enzyme-linked immunosorbent assay for feline leukemia virus p27 antigen and comparison to proviral DNA loads by real-time polymerase chain reaction. Comparative Immunology, Microbiology and Infectious Diseases, 67, 101348.


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