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A babesiose canina, ou piroplasmose canica, é doença provocada por hemoprotozoários transmitidos por carrapatos, comum e clinicamente significativa, com distribuição mundial. Nos cães, a infecção resulta em ampla variedade de apresentações clínicas: de doença subclínica a doença grave caracterizada por febre, palidez, icterícia, esplenomegalia, fraqueza e colapso associados a hemólise intra e extravascular, lesão hipóxica, inflamação sistêmica, trombocitopenia e pigmentúria. O diagnóstico em cães cronicamente infectados e portadores, no entanto, continua sendo desafio significativo devido a parasitemias muito baixas e muitas vezes intermitentes. A falha em detectar parasitas em animais com anemia hemolítica ou trombocitopenia leva a diagnóstico incorreto muitas vezes, principalmente quando a suspeita clínica de babesiose também é baixa. A aplicação da PCR aumenta muito a sensibilidade e especificidade da detecção do parasita e é adequada para estudos epidemiológicos e filogenéticos, uma vez que a morfologia do parasita é guia inadequado para a especiação.
Adenovírus caninos dos tipos 1 (CAdV-1, Canine adenovirus 1) e 2 (CAdV-2, Canine adenovirus 2) causam hepatite infecciosa canina e doença respiratória infecciosa dos canis. Os CAdVs possuem DNA de dupla hélice linear como material genético e são do gênero Mastadenovirus, da família Adenoviridae.
As manifestações clínicas das infecções são variáveis e frequentemente inespecíficas conforme o tipo viral infectante. O CAdV-1 induz doença sistêmica e o quadro clínico associado à hepatite infecciosa canina abrange desde letargia, perda de peso e inapetência até enterite grave, hepatite, pneumonia, coagulação intravascular disseminada e morte súbita. Já o CAdV-2 se replica principalmente no epitélio respiratório, induzindo doença leve e autolimitada, ocasionalmente com episódios graves de tosse seca paroxística e descarga nasal normalmente devido a coinfecções com outros dois patógenos respiratórios: a bactéria Bordetella bronchispetica e o vírus da parainfluenza canina (CPiV, Canine parainfluenza virus). Infecções causadas por CAdV podem ocorrer em várias espécies de mamíferos, mas elevada suscetibilidade é relatada principalmente em caninos domésticos e silvestres. A vacinação de cães utiliza vírus vivo modificado CAdV-2 que, a princípio, apresenta proteção cruzada para ambos tipos. Apesar da vacina constar dos protocolos de imunização, a infecção por CAdV tem sido reportada em cães domésticos em todo o mundo. Além disso, foram relatadas infecções severas e frequentemente fatais em espécies silvestres, principalmente por CAdV-1. O diagnóstico é geralmente clínico. A confirmação laboratorial pode envolver isolamento viral e ensaios imunológicos. No entanto, esses métodos geralmente não diferenciam CAdV-1 e CAdV-2 que são antigenicamente e geneticamente relacionados. Já os métodos de Biologia Molecular possibilitam detectar o gênero e diferenciar os tipos virais, possibilitando realizar diagnóstico preciso, com aplicação no manejo clínico de cães e outros carnívoros.Ehrlichia canis é agente etiológico da erliquiose monocítica canina (EMC), também conhecida como pancitopenia canina tropical, febre hemorrágica canina ou tifo canino. A bactéria é gram-negativa e pertence à família Anaplasmataceae da ordem Rickettsiales, caracterizada pelo parasitismo intracelular obrigatório.
A transmissão de E. canis ocorre por picada do carrapato canino marrom comum (Rhipicephalus sanguineus), vetor e reservatório deste patógeno. Também pode ser transmitida por transfusão sanguínea. Após a contaminação inicial, o período de incubação varia de 7 a 21 dias. Os sinais clínicos são variáveis conforme a fase da infecção. Na fase aguda, ocorrem normalmente febre, falta de apetite e perda de peso. Eventualmente o animal pode apresentar sangramento nasal, urinário, vômitos, manchas avermelhadas na pele e dificuldades respiratórias. Já na fase crônica, a perda de peso se acentua e ocorrem dores no abdômen, aumento do baço, do fígado e dos linfonodos, depressão, pequenas hemorragias, edemas nos membros e maior facilidade em adquirir outras infecções. A doença pode assumir características auto-imunes, comprometendo o sistema imunológico. O diagnóstico precoce é fundamental para a recuperação. Normalmente é realizado pelos sinais clínicos. Também são sugestivas as alterações no hemograma, sendo a anemia e a trombocitopenia as mais evidentes. A visualização do agente (mórulas) no interior dos neutrófilos no exame microscópico permite diagnóstico mais preciso, no entanto, é comum não encontrar o patógeno neste exame. A PCR é método de diagnóstico eficaz que detecta DNA de E. canis no sangue do animal. É especialmente indicada nos casos de recidiva dos sinais clínicos e laboratoriais, quando se torna importante confirmar a presença do parasito para descartar outras causas de anemia e trombocitopenia.
A leptospirose é infecção bacteriana com distribuição mundial, considerada reemergente em todo o mundo, com casos que estão aumentando. Pode afetar a maioria dos mamíferos, mas algumas espécies parecem mais suscetíveis, como o cão e o ser humano. A vacinação em cães contra L. canicola e L. icterohaemorrhagiae tem sido usada desde 1970, mas a prevalência da doença clínica vem aumentando desde meados da década de 1990. É provável que ocorra subdiagnóstico, particularmente em animais de estimação vacinados, pois o veterinário pode presumir proteção desconsiderando os outros sorovares da doença clínica (envolvimento hepático ou renal e gastroenterite hemorrágica, pirexia e sinais respiratórios, entre outros). Os sinais clínicos podem afetar vários órgãos e incluem: febre, vômito, diarreia, alteração do apetite, dor abdominal, tremedeiras, dor muscular ou fraqueza, desidratação, oligúria, anúria (às vezes poliúria ou polidipsia), choque, taquicardia, arritmias, letargia, distúrbios hemorrágicos, tosse, dispneia ou taquipneia (rinite, amigdalite em alguns casos), icterícia, encefalopatia hepática, conjuntivite, uveíte, entre outros.
As leptospiras comumente infectam os rins e o fígado e o diagnóstico deve ser considerado em pacientes que apresentam icterícia aguda, lesão hepática ou renal. As leptospiras também podem infectar pulmões, baço, células endoteliais, olhos, músculos (coração e esqueleto), meninges, pâncreas e trato genital. A síndrome da hemorragia pulmonar leptospiral (LPHS) é uma forma grave emergente da infecção relatada em pessoas e cães. As leptospiras são disseminadas na urina e a bactéria pode persistir nos túbulos renais por muito tempo e, assim, contribuir para a contaminação ambiental contínua. A infecção em hospedeiros acidentais pode ocorrer por contato direto com membranas mucosas ou em feridas na pele ou, mais comumente, indiretamente por contato com solo ou água contaminada com urina de animais infectados. Uma vez que as leptospiras invadam através da pele ou membranas (incluindo conjuntivas), elas se espalham rapidamente e podem ser encontradas no sangue por até 10 dias após o início dos sinais clínicos. Após esse período de leptospiremia, os organismos se localizam em locais de tecidos protegidos: rins, fígado, útero gravídico, baço, sistema nervoso central, olhos e túbulos renais proximais, de onde podem ser excretados por meses.
A PCR específica para a detecção de DNA de Leptospira patogênica pode ser usada para uma variedade de amostras, incluindo sangue, urina e tecidos. Dependendo da cepa infectante e da resposta do hospedeiro, as leptospiras são geralmente encontradas no sangue durante os primeiros 10 dias de infecção e, posteriormente, os organismos serão encontrados na urina.
Rangeliose canina é doença hemolítica e hemorrágica, transmitida por carrapatos, causada pelo parasita protozoário Rangelia vitalii que infecta eritrócitos, leucócitos e células endoteliais dos capilares sanguíneos. A rangeliose canina tem sido diagnosticada em cães domésticos não só no Brasil, mas também em outros países da América do Sul (Argentina e Uruguai). A infecção por Rangelia vitalii também foi encontrada incidentalmente no Brasil em cães selvagens (Cerdocyon thous, o cachorro-do-mato).
Cães infectados com Rangelia vitalii podem apresentar descoloração amarelada das membranas mucosas e da pele (icterícia), palidez das mucosas (anemia), febre intermitente, apatia, perda de apetite, desidratação, fraqueza, perda de peso, hepatomegalia, esplenomegalia, linfadenopatia generalizada, edema de membros posteriores, petéquia da mucosa, hematêmese e diarreia sanguinolenta. Os sinais clínicos típicos da rangeliose canina incluem sangramento persistente das narinas, cavidade oral, olhos e superfície lateral das orelhas. O curso clínico varia de apenas alguns dias a até 3 meses. Durante a fase aguda da doença, os animais ficam apáticos, fracos, com febre e suas membranas mucosas são pálidas ou amarelas. Os animais sucumbem à doença dentro de 3 a 5 dias após os primeiros sinais clínicos serem observados se não forem tratados adequadamente.O diagnóstico de rangeliose canina em um animal vivo é baseado na história, sinais clínicos, curso da doença, hemograma, avaliação de esfregaço de sangue periférico, resposta à terapia e testes moleculares de sangue (PCR ou qPCR). Dupla infecção com Rangelia vitalii e Babesia spp. é possível em áreas onde esses dois piroplasmas coexistem e isto representa desafio diagnóstico adicional para o patologista clínico, uma vez que possuem morfologia semelhante. O diagnóstico definitivo de rangeliose canina em um animal vivo deve considerar a detecção do organismo por PCR no sangue.
O vírus da imunodeficiência felina (FIV, Feline immunodeficiency virus) é o causador da imunodeficiência felina. A síndrome da imunodeficiência adquirida leva a infecções oportunistas, doenças neurológicas e tumores. O vírus é envelopado e possui RNA de fita simples positiva linear. Pertence ao gênero Lentivirus, da família Retroviridae, que apresenta elevada diversidade genética devido a eventos de recombinação e mutação, sendo classificada em subtipos (principalmente A, B e C). O diagnóstico das infecções na rotina clínica é realizado por meio de testes rápidos (imunocromatográficos) e moleculares (principalmente a PCR). Os testes rápidos analisam anticorpos anti-FIV. Já a PCR e qPCR possibilitam a detecção e quantificação dos vírus (carga viral), sendo utilizadas tanto na confirmação da infecção como na avaliação da carga viral.
O vírus da panleucopenia felina (FPV) causa parvovirose felina, portanto também é denominado de vírus da parvovirose felina. A doença se caracteriza clinicamente como uma gastroenterite. O vírus não apresenta envelope e possui DNA genômico de fita simples como material genético. Taxonomicamente, pertence ao gênero Protoparvovirus da família Parvoviridae. A contaminação com o FPV ocorre geralmente pelo contato direto ou indireto com fezes infectadas. As manifestações clínicas são variáveis com base na dose infectante, na idade do animal, nas predisposições em potencial da raça e na imunidade anterior a partir dos anticorpos maternos, exposição prévia ou vacinação. A maioria dos gatos não apresenta sintomas que, quando ocorrem, constituem-se em febre aguda, vômito, diarreia, decúbito esternal com pernas abduzidas e inclinação da cabeça, descarga nasal e conjuntivite. A diarreia pode ser sanguinolenta. Tremor intencional ocorre naqueles com hipoplasia cerebelar. Infecções causadas pelo FPV e pelo parvovírus canino (CPV-2) ocorrem também em outros mamíferos domésticos e silvestres. Existem vacinas com vírus vivo modificado que são usadas especialmente por gatos domésticos. Gatos com suspeita de parvovirose são usualmente avaliados por métodos imunológicos (tipo ELISA). Recentemente os testes rápidos imunocromatográficos (SNAP, ALERE) também tem sido usados. Esses testes detectam antígenos do FPV nas amostras, principalmente fezes. Testes confirmatórios de ELISA podem ser realizados em laboratórios especializados. Métodos de Biologia Molecular são rápidos, sensíveis e específicos para detecção de FPV em amostras clínicas. Protocolos de qPCR (PCR em tempo real) permitem a obtenção de dados detecçãos (detecção) e quantitativos (carga viral), possibilitando a rápida detecção de animais contaminados e a determinação da carga viral em infecções sistêmicas.
A leishmaniose é menos conhecida em gatos do que em cães e humanos, pois os gatos eram tradicionalmente considerados resistentes à infecção, enquanto os cães são o principal reservatório. Os gatos são infectados pela mesma espécie de Leishmania que os cães e humanos em áreas tropicais e subtropicais em todo o mundo. Os vetores se alimentam de sangue de gatos e se infectam quando se alimentam de gatos com L. infantum. Apenas casos esporádicos de doença felina foram relatados em todo o mundo em áreas endêmicas de leishmaniose canina, causada principalmente por L. infantum. Investigações epidemiológicas confirmaram, no entanto, que as infecções felinas não são raras e a ocorrência da doença pode ser subestimada. Mais da metade dos casos apresenta lesões dermatológicas e mucocutâneas (principalmente dermatite ulcerativa e nodular) e linfonodomegalia; às vezes, esses são os únicos achados ao exame físico. Lesões oculares (blefaroconjuntivite, ceratite, uveíte, panoftalmite) e orais (nódulos, gengivo-estomatite crônica), bem como sinais clínicos gerais (perda de peso, diminuição do apetite e letargia), anemia, hiperglobulinemia e proteinúria são relatados. Outras manifestações clínicas são relatadas esporadicamente e um papel causal para o L. infantum nem sempre foi demonstrado e muitas vezes são observadas coinfecções e comorbidades.
A confirmação parasitológica da leishmaniose pode ser obtida por citologia, histologia com imuno-histoquímica, cultura ou por PCR, realizada em amostras colhidas da pele, mucosas, linfonodos, medula óssea, sangue ou quaisquer outros tecidos afetados. Testes de anticorpos usando diferentes técnicas também são usados para avaliar a prevalência de infecção e apoiar o diagnóstico em casos clínicos suspeitos.
A infecção por Leptospira spp. pode causar leptospirose, doença bacteriana que afeta animais domésticos e selvagens, além de humanos, que foi relatada em mais de 150 espécies de mamíferos. A leptospirose é agravada pelos animais silvestres e domésticos infectados sub clinicamente, que servem como hospedeiros reservatórios e são fonte potencial da infecção para hospedeiros acidentais. A infecção por leptospira em gatos é comum, geralmente relacionada à caça de roedores. No entanto, a doença em gatos é considerada rara, apesar do crescente número de relatos. Além disto, o fato de que os gatos podem disseminar Leptospira com a urina e, portanto, servir como uma fonte potencial de infecção, tem ganhado cada vez mais atenção. O papel dos gatos portadores saudáveis como fonte de contaminação, bem como o papel das leptospiras como patógeno em gatos, provavelmente foi subestimado no passado.
As leptospiras são transmitidas por contato direto ou indireto. A transmissão direta ocorre através da urina, por via venérea, transferência placentária, mordidas ou ingestão de animais ou tecidos infectados. Em cães e humanos, a transmissão indireta é mais frequente do que a transmissão direta e ocorre através da exposição a ambientes contaminados, por exemplo, solo, alimentos e cama. Assim, o contato com a água é mais importante em cães e humanos e habitats com água estagnada ou lenta favorecem a sobrevivência do organismo. Leptospiras em água contaminada invadem o hospedeiro através de feridas na pele, mas também através das mucosas. Em gatos, a transmissão indireta através do contato com a água é menos provável devido à aversão a nadar, mas eles podem ser infectados ao beber de fontes naturais de água.
A detecção de Leptospira sp. pode ser obtida por várias técnicas, incluindo visualização por microscopia, cultura do organismo ou detecção de DNA por PCR. Os métodos diretos, no entanto, são mais confiáveis para os resultados positivos, já que o negativo nunca exclui a presença do agente infeccioso devido ao fato de que o agente é eliminado de forma intermitente, e às vezes em números baixos.