Vigilância epidemiológica molecular e a recente introdução e disseminação da linhagem GI-23 de IBV no Brasil
Pesquisadores da Simbios Biotecnologia, em nova publicação a respeito da cepa GI-23 do Vírus da Bronquite Infecciosa das Galinhas (também referida como Var2) (doi.org/10.3390/v15061229), realizaram Análise Filogenética e Filodinâmica, essenciais na Vigilância Epidemiológica Molecular. A Filodinâmica combina conceitos evolutivos, demográficos e epidemiológicos, auxiliando no rastreio de mudanças genéticas de patógenos, permitindo a caracterização de variantes emergentes e a formulação de estratégias de controle.
Para a análise, foi realizado o sequenciamento das regiões hipervariáveis 1 e 2 do gene S1 (HVR1/2) de IBV GI-23. Foram amostradas 94 granjas de aves de corte com sinais clínicos sugestivos de infecção por IBV GI-23 no Sul e Sudeste do Brasil, no período de outubro de 2021 a janeiro de 2023.
A linhagem GI-23 de IBV apresenta rápida disseminação e causa doença grave, resultando em prejuízos para a cadeia produtiva de aves. Surgiu no Oriente Médio e tem sido cada vez mais detectada em infecções respiratórias graves de lotes de frangos de corte em todo o mundo. Chegou à Europa e à África nas últimas décadas e foi relatada pela primeira vez no Brasil ano passado, em frangos de corte. Até então, apenas as linhagens GI-1 (Massachusetts) e GI-11 (BR) circulavam entre aves comerciais no País.
IBV GI-23 no Brasil
Cepas brasileiras de IBV GI-23 formam dois clados, ambos próximos às cepas europeias orientais (Polônia, Romênia e Turquia), indicando a possível origem destas amostras. Os dois clados distintos apontam pelo menos dois ancestrais virais diferentes, em eventos de introdução distintos. O período de introdução no Brasil também pôde ser estimado: provavelmente, chegou às granjas brasileiras entre 2017 e 2019 (veja no gráfico abaixo). Algumas hipóteses para a introdução são a importação de aves e ovos embrionados e o trânsito de profissionais (técnicos, veterinários, etc.) entre os países.
Dispersão, evolução populacional e manifestações clínicas
Após sua chegada ao Brasil, o vírus IBV GI-23 disseminou-se rapidamente por granjas de alta densidade avícola nas regiões sul do país. Da introdução da cepa até janeiro de 2021, deu-se o período de maior dispersão (gráfico). Foram observadas manifestações clínicas graves no trato respiratório superior e lesões renais nos lotes acometidos. O principal achado de necropsia foi aerossaculite, além de excesso de muco e congestão da mucosa traqueal. Observou-se ainda o aumento significativo nas taxas de mortalidade nos lotes e nas condenações de carcaças em frigoríficos.
As primeiras medidas de contenção
De janeiro de 2021 a aproximadamente dezembro de 2021, a população do vírus manteve-se em crescimento, mas com taxa reduzida em comparação ao período anterior. A intensificação dos protocolos sanitários diante do incremento nas condenações em abatedouros, possivelmente resultou neste menor aumento da população viral.
Caracterização da cepa e medidas de controle de IBV GI-23
Em abril de 2022, a Simbios Biotecnologia reportou de forma pioneira a ocorrência de IBV GI-23 na América do Sul, em frangos de corte no sul do Brasil, deflagrada com estudos de sequenciamento genômico. Neste período, a identificação do vírus aplicada à Vigilância Epidemiológica Molecular foi crucial para o controle desta cepa.
Medidas de controle foram fundamentais na dinâmica do vírus, permitindo a redução do impacto sanitário do IBV GI-23 na avicultura brasileira. No quadro abaixo estão ressaltados os principais marcos temporais da emergência de IBV GI-23, com destaque à significativa redução da população viral, precedida da identificação do patógeno causador.
*aproximadamente
O papel da Vigilância Epidemiológica Molecular
A ameaça de patógenos à sanidade animal é uma realidade constante para toda a cadeia de proteína animal. Nesse contexto, a Vigilância Epidemiológica Molecular desempenha papel fundamental na compreensão e no controle de doenças. Através da análise do material genético dos patógenos, a abordagem permite identificar variantes virais, rastrear suas origens, entender rotas de transmissão e monitorar sua evolução ao longo do tempo. Isso é essencial para a detecção precoce de surtos emergentes e para o direcionamento de medidas de contenção, além de auxiliar na elaboração de estratégias de prevenção e tratamento mais eficazes, oferecendo apoio ao desenvolvimento e aplicação de vacinas específicas para as variantes em circulação.
Através da utilização de técnicas de sequenciamento, a epidemiologia molecular permite a identificação e a análise das variações genéticas dos organismos a características específicas, como virulência, resistência a medicamentos ou capacidade de transmissão. Essas informações podem orientar ações de saúde, como o desenvolvimento de vacinas mais eficazes ou a adaptação de estratégias de tratamento.
A Vigilância Epidemiológica Molecular desempenha, portanto, papel crucial na proteção da sanidade animal, permitindo resposta rápida e direcionada diante de desafios sanitários. A Simbios Biotecnologia, atenta às demandas e necessidades do mercado, mantém forte e constante atuação na área, cumprindo papel de referência em diagnóstico e Vigilância Epidemiológica Molecular.