Epidemiologia molecular no controle da Bronquite Infecciosa das Galinhas
Quais são as variantes do Vírus da Bronquite Infecciosa das Galinhas (IBV) atualmente presentes no Brasil? Como afetam a indústria avícola? Quais as regiões mais impactadas? Como emergem novas cepas? Com que intensidade se disseminam e qual o potencial de causar doenças e prejuízos? As técnicas de diagnóstico e as estratégias de controle são eficazes diante da emergência de novas variantes? A vigilância epidemiológica molecular desempenha papel crucial na busca de respostas para estas perguntas, beneficiando a cadeia de produção de proteína animal.
Realizar esta tarefa não é fácil. Os coronavírus estão em constante evolução, apresentando altas taxas de mutação e de recombinação, gerando variantes que se disseminam e prosperam, dando origem às “linhagens”. Vale lembrar que a grande maioria das mutações são deletérias e desaparecem em intervalo de tempo curto, impossibilitando a detecção. No entanto, com o aumento da prevalência de uma variante na população, torna-se possível rastreá-la e monitorá-la. Em hospedeiros suscetíveis, há a coexistência de “quasispecies” com variações em qualquer porção do genoma. O sucesso de uma variante está relacionado à eficácia biológica, ou 'fitness', que resulta na sua adaptação. O ‘fitness’ é influenciado pela taxa de replicação, pela capacidade de competição por recursos celulares e de evasão ao sistema imunológico. A compreensão das dinâmicas evolutivas auxilia no desenvolvimento de estratégias de controle, com vacinas e terapias antivirais (Sing et al, 2023).
O sequenciamento genético de porções hipervariáveis dos vírus é considerado o método mais preciso para identificar novas variantes de IBV, mas representa uma empreitada dispendiosa e intrincada, demandando pessoal altamente capacitado. A PCR em tempo real aplicada à tipificação do vírus pode ser vista como alternativa escalável, não apenas para caracterizar a epidemiologia, mas também para indicar cepas emergentes. A análise e interpretação dos resultados por meio desta abordagem representa o ponto de partida para estudos mais aprofundados, permitindo aumentar a eficácia do monitoramento.
Fundamentalmente, a meta é estabelecer a dinâmica de evolução das variantes do vírus, o que é de especial importância onde há forte pressão seletiva devido aos programas de vacinação, que podem induzir respostas imunes parciais ou proteção cruzada limitada.
Assim, a vigilância epidemiológica molecular oferece o entendimento para aprimorar o controle do IBV nas criações de aves.
Referências:
Andreatti Filho et al. (2020). Doenças das Aves (3rd ed.). FACTA.
Abbas, A. K. (2019). Imunologia Celular e Molecular (9th ed.). Grupo GEN.
Lai, M. M., & Cavanagh, D. (1997). The molecular biology of coronaviruses. Advances in virus research, 48, 1-100.
Singh, K., Mehta, D., Dumka, S., Chauhan, A. S., & Kumar, S. (2023). Quasispecies Nature of RNA Viruses: Lessons from the Past. Vaccines, 11(2), 308.