Edwardsielose: doença de alto impacto e epidemiologia complexa
Entre as principais patologias que acometem os peixes de cultivo no Brasil e no mundo, destaca-se a septicemia causada por bactérias do gênero Edwardsiella. A Edwardsielose tem caráter agudo com manifestação de ascite, exoftalmia, formação de granulomas hepáticos, edema generalizado de órgãos internos, hemorragias (sinal clínico da “cabeça vermelha”), ocasionalmente, com hérnia retal (1, 2, 3). Diversas espécies de peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos são acometidos pela infecção, inclusive os seres humanos (4, 5, 6).
A epidemiologia complexa dependeu da aplicação de métodos moleculares para a descoberta de que a doença em peixes é relacionada a três espécies distintas - E. tarda, E. piscicida e E. anguillarum (7, 8, 9). Através do sequenciamento genético, foram identificadas as espécies usualmente responsáveis pelos quadros patológicos em osteíctes e anguilliformes, respectivamente E. piscicida e E. anguillarum, ambas com alta seletividade de hospedeiros. E. tarda, por sua vez, ainda que presente em infecções em peixes, foi mais comumente encontrada no ambiente, ou infectando outros vertebrados. Mesmo não sendo o patógeno principal isolado de peixes doentes, E. tarda cumpre papel fundamental na epidemiologia da Edwardsielose por apresentar alta versatilidade, resistindo a grandes variações de temperatura, pH e salinidade, com capacidade de infectar gama variada de hospedeiros vertebrados. Além disto, forma biofilmes no ambiente aquático, constituindo reservatório de genes de resistência antimicrobiana, que podem ser compartilhados não apenas com outras bactérias do gênero, como também de outros gêneros e famílias, através de transformação, transdução e conjugação. Por suas características, E. tarda não só tem potencial para gerar infecções multirresistentes em animais e seres humanos, mas também para fornecer a outras bactérias os mecanismos para tal, caracterizando grande risco em saúde única (3, 10, 11, 12).
Tanto pelas manifestações clínicas em peixes causadas por E. piscicida e E. anguillarum, quanto pelo potencial zoonótico e risco de infecções multirresistentes por E. tarda, o monitoramento da presença ou ausência dessas bactérias na aquicultura é de fundamental importância. Enquanto o isolamento bacteriano e os métodos sorológicos proporcionam a identificação em nível de gênero, apenas as técnicas moleculares permitem a diferenciação das espécies de Edwardsiella sp., fornecendo informações vitais para a tomada de decisão que norteiam o programa de biosseguridade e o manejo sanitário dos plantéis (13, 14).
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