A Biologia Molecular na clínica de cães e gatos
Rápida, sensível e específica, a Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) vem ganhando ainda mais importância nos últimos anos, especialmente após sua ampla utilização durante a pandemia da SARS-CoV-2. A técnica, desenvolvida na década de 80, é constantemente implementada para novas aplicações, atendendo a diferentes mercados. O mercado PET não é exceção.
A PCR tem por base a replicação exponencial do material genético, ou seja, a partir de uma molécula de DNA ou RNA (este, por transcrição reversa - RT-PCR) obtêm-se bilhões de cópias. A alta sensibilidade permite evidenciar quantias ínfimas de vírus, bactérias ou protozoários. Além disso, a técnica é extremamente específica, ao buscar alvos exclusivos do patógeno de interesse, sustentando-se nas principais propriedades do DNA: complementaridade das fitas, fidelidade de replicação e presença de regiões conservadas entre indivíduos filogeneticamente próximos (Arjona et al., 2007; Beige et al., 1995; Kulasingam et al., 2002; Saiki et al., 1988). A reação se dá de forma rápida, especialmente em comparação às técnicas tradicionais de diagnóstico implementadas no dia a dia do clínico de pequenos animais. Isto adquire importância fundamental no diagnóstico de doenças de evolução aguda do quadro clínico, como Cinomose, Panleucopenia Felina e demais doenças neonatais (Jacobson et al., 2021; Karki et al., 2022; Thayer et al., 2022; Tuteja et al., 2022).
Dentre as aplicações mais difundidas, a detecção de agentes infecciosos tem especial destaque, principalmente os de difícil identificação por outros métodos diagnósticos - como os vírus, ou nos casos de pacientes com sinais inespecíficos, que sugerem múltiplos diagnósticos diferenciais, como ocorre nas infecções de Babesia canis, Rangelia vitalii e demais hemoparasitoses (Cohn, 2003; Kidd, 2019; Reagan & Sykes, 2019; Winzelberg Olson & Hohenhaus, 2019).
Além da detecção, é possível a quantificação pela PCR em tempo real (qPCR), que fornece dados de carga viral, bacteriana ou protozoária, que podem ser correlacionados com progressão e prognóstico das infecções. Isto é essencial, por exemplo, em doenças que apresentam estágios (ou portadores) assintomáticos e latência, como a Imunodeficiência e a Leucemia felinas de origem viral. (Hofmann-Lehmann & Hartmann, 2020; Little et al., 2020).
A utilização da PCR se estende, não somente como ferramenta diagnóstica, mas também ao desenvolvimento de vacinas autógenas, monitoria de status infeccioso de populações caninas e felinas, triagem de bolsas de sangue para transfusão e a inúmeras outras aplicações (Fischer et al., 2013; Janke et al., 2022; Taylor et al., 2021). A Simbios Biotecnologia, atenta às necessidades da clínica médica, dispõe de detecção e quantificação dos principais agentes de interesse em cães e gatos, fornecendo ferramentas diagnósticas para auxiliar o Médico Veterinário em todas as suas áreas de atuação.
Referências:
Fischer, C. D. B., Ikuta, N., Canal, C. W., Makiejczuk, A., Allgayer, M. C., Cardoso, C. H., Lehmann, F. K., Fonseca, A. S. K., Lunge, V. R. Detection and differentiation of field and vaccine strains of canine distemper virus using reverse transcription followed by nested real time PCR (RT-nqPCR) and RFLP analysis. Journal of Virological Methods, v. 194, p. 39-45, 2013.
Hofmann-Lehmann, R., & Hartmann, K. (2020). Feline leukaemia virus infection: A practical approach to diagnosis. Journal of feline medicine and surgery, 22(9), 831-846.
Little, S., Levy, J., Hartmann, K., Hofmann-Lehmann, R., Hosie, M., Olah, G., & Denis, K. S. (2020). 2020 AAFP feline retrovirus testing and management guidelines. Journal of Feline Medicine and Surgery, 22(1), 5-30.
Taylor, S., Spada, E., Callan, M. B., Korman, R., Leister, E., Steagall, P., ... & Tasker, S. (2021). 2021 ISFM consensus guidelines on the collection and administration of blood and blood products in cats. Journal of Feline Medicine and Surgery, 23(5), 410-432.
Thayer, V., Gogolski, S., Felten, S., Hartmann, K., Kennedy, M., & Olah, G. A. (2022). 2022 AAFP/EveryCat feline infectious peritonitis diagnosis Guidelines. Journal of Feline Medicine and Surgery, 24(9), 905-933.
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Janke, K. J., Jacobson, L. S., Giacinti, J. A., & Weese, J. S. (2022). Fecal viral DNA shedding following clinical panleukopenia virus infection in shelter kittens: a prospective, observational study. Journal of Feline Medicine and Surgery, 24(4), 337-343.
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